30/06/2012
Se até à data ainda não conseguiu entender como
se capa/poda melões, pelas imagens e comentários que já postei neste blogue, então
após ver estas imagens se continuar no estado anterior…não tenho mais “remédio”
para a sua cura…(vá lá, não sejam mauzinhos…pois não estou a ser arrogante mas
sim a levar isto para galhofa)
Estes desenhos foram feitos no Paint, por isso
não vale a pena criticar a ténue semelhança com um pé de melão! Não é nada
fácil desenhar num ecrã de computador com um rato (já era tempo de inventarem
um “lápis” – tipo rato -, para trabalhar no Paint, etc).
Volto também a lembrar que sou daltónico, e por
isso se as cores lhe fazem confusão, a mim confusão-fazem-as-cores… E já fui
bonzinho com vocês…pois eu devia era desenhar em tons azuis, branco, amarelo e
laranja – cores que quando misturadas os meus olhos distinguem facilmente, ao
contrário das restantes..
Eis então a receita…
O eucalipto…que se vê na primeira imagem,
representa um pé de melão.
As duas falsas folhas que se vê em baixo, na
realidade chamam-se cotilédones, e que podem ser cortadas, desviadas 1 a
2 milímetros do tronco.
Não é muito importante esta acção, apenas serve
para prevenir alguma doença…pois os cotilédones tem uma grande tendência para
adoecerem/apodrecerem. Cortando-os elimina-se o mal!
Logo acima dos cotilédones encontra-se as duas
primeiras folhas verdadeiras.
E se repararem bem, em cada axila das folhas
vê-se um ponto (olho/rebento) amarelo. Ora, esses pontos amarelos não podem ser
mutilados pois são as futuras vinhas/ramos, após desenvolverem.
Esta imagem representa onde eu capo o
melão.
Aquele traço na horizontal a vermelho, rente à
terceira folha, é o corte que eu pratico.
Depois de capar só fica uma planta com duas folhas,
e normalmente já com os “olhos” mais desenvolvidos (não fiz desenho do facto
pois a explicação escrita é suficiente…).
Esta imagem com letras será mais fácil de
compreender.
Então as letras representam o seguinte:
A – Cotilédones
B – Folhas verdadeiras (1ª e 2ª)
C – 3ª folha verdadeira
Então porque é que estou a repetir…a imagem
anterior – questionará o visitante?!
Resposta: Porque este corte/capar não é bem igual
ao anterior!
Esta é a forma de capar melões Casca de
Carvalho.
Se repararem bem o corte não foi efectuado abaixo
da terceira folha, mas sim acima dessa terceira folha.
Também se olharem com atenção, será visível um X no olho/rebento da
terceira folha.
Se efectuarem este corte, é imprescindível
mutilar esse olho/rebento, pois caso não o façam o pé de melão em vez de
crescer com duas vinhas (as duas de baixo), crescerá com 3, o que não é nada
bom para o desenvolvimento de um meloeiro, nem dos frutos.
Um leitor mais atento, ou com “calo” nas lides de
capar, dirá que não há diferença entre o capar da primeira e segunda imagem. Eu
penso assim!
A única diferença é que se afastou o corte para
mais longe das futuras vinhas, evitando, após o corte, qualquer fungo/doença de
chegar mais rápido aos tais olhos/rebentos.
Agora em vez deste pé de melão ter duas folhas –
após o corte -, possui três, mas ao mutilar o olho/rebento da terceira folha,
continua só a existir a mesma equação da primeira imagem, que é o
desenvolvimento nos dois olhos/rebentos em baixo (1ª e 2ª folha verdadeira).
Repito: esta forma de corte/capar só difere da primeira imagem em afastar para
mais longe das futuras vinhas o corte no tronco. Nada mais – ponto final.
Sinceramente, aconselho a praticar este corte da
segunda imagem, em vez de o fazer como eu – abaixo da terceira folha -; mas não
esquecer de retirar o olho/rebento que desponta na axila dessa terceira folha
(C)!
As duas imagens que se seguem foram retiradas do
blogue, pois neste momento não tenho plantas com este tamanho (ainda bem…);
assim não façam caso das setas amarelas que se vê na imagem seguinte.
A razão de voltar a publicar as duas imagens é
simples, e passo a explicar: tomei o habito de capar melões quando as plantas
estão com o tamanho da imagem B. Até à data nunca me morreu uma planta depois
de capar - ao contrário da imagem A onde já perdi várias plantas, que sem
dúvida se deve à fragilidade do seu tamanho (A). Por isso aconselho a imagem B
como referência para capar. Também aconselho a não esperar para capar com uma
planta mais desenvolvida que a imagem B!
As vinhas que nascem das “axilas”, nas duas
primeiras folhas verdadeiras, e no estado da imagem B já se encontram bem
encaminhadas – ao contrário da imagem A -, e por isso, após capar depressa
tomarão desenvolvimento.
As imagens anteriores cingiram-se simplesmente à
primeira etapa do capar. Esta é a segunda etapa – ou segunda “capação”.
Aqui só está desenhado um ramo da vinha, e neste
caso o ramo que porta o fruto.
Os frutos (melões) nunca nascem dos ramos da
vinha principal – ponto! E dependendo da espécie de melão - pois
encontra-se diferenças entre as ditas -, eu neste caso estou-me a guiar pelas
imagens da espécie Old Time Tennessee (falhei a experiencia de enxerto nos
Casca de Carvalho – morreram os 3 pés), este ramo que porta o fruto nasce das
vinhas secundárias.
Como se vê na imagem este ramo porta um melão
(espécie exótica “arco- íris”…).
Ora, aquele corte que se vê duas folhas à
frente do melão, só deve ser efectuado quando este já se encontra em
desenvolvimento, e nunca quando ainda está em flor (pois nada garante que já
tenha sido polinizada).
Só aconselho a fazer este corte quando o melão já
estiver quase do tamanho de uma bola de ténis.
A “força” da vinha fica agora no desenvolvimento
do fruto, após o corte.
Terceiro e último corte/poda que pratico nos
melões.
Esta imagem representa um pé de melão já capado,
com dois melões em desenvolvimento e do tamanho de um limão (os frutos/melões).
Quando o pé de melão está na fase que acabei de
referir anteriormente, corto todas as ponteiras das vinhas (excepto as guias
dos frutos, pois essas já foram podadas na explicação da imagem anterior). Isto
fará que o desenvolvimento do pé de melão recaia todo só nos frutos.
Agora outras explicações:
Como se pode ver pela imagem, o pé deste melão é
o mesmo da primeira e segunda imagem do post.
Já capado, e com as duas vinhas que nasceram nas
“axilas” das duas primeiras folhas verdadeiras (pintei em amarelo para realçar
o facto).
O risco amarelo que atravessa o centro das vinhas
de uma ponta a outra, serve para demonstrar que se trata das guias principais.
Depois nascem outras guias da principal, e que são as secundárias. E por fim,
nascendo das vinhas secundárias, nascem as guias dos melões.
Outro pormenor: eu só deixo 2 ou 3 melões por
planta. Normalmente dois (2), mas já deixei várias vezes desenvolver 3. E como
se vê pela imagem, deixar um melão desenvolver em cada lado da vinha (um à
esquerda outro à direita). Se for para deixar 3 frutos, escolher o lado mais
“robusto” e desenvolvido para aí cresceram 2 frutos, e do outro lado 1.
Relembro que não sou nenhum botânico, e por isso
isto não passa de uma demonstração de uma leigo…
Como todos devem saber (?...), o melão Casca
de Carvalho é originário das regiões entre Minho e Douro.
Devido ao facto de estas regiões serem de
temperaturas amenas, normalmente só se vê esta espécie á venda em meados ou
finais de Julho.
E para “agonizar” ainda mais os apreciadores
deste fruto/espécie, os vendedores “de beira da estrada” – que normalmente são
feirantes agricultores -, aplicam-lhe um preço elegante… Quando um cliente tem
a sorte de apanhar… um melão doce e picante, até é capaz de se gabar…que foi
dinheiro bem dado; o problema é daqueles clientes que pagam, bufam…e não comem
(melão insípido, etc).
Este melão devia ser um artigo reembolsável…
Enfim, isto para dizer que a fama das
qualidades deste melão – doce e picante -, é muito conhecido nestas regiões;
mas também é do conhecimento que nem todos os melões ganham essas
características.
- O que faz então com que o melão seja doce e
picante – questiona o Zé-Povinho?!
Fácil…Basta deitar na água de regar piri-piri
e açúcar… Ah! E o açúcar tem de ser do amarelo…e a água só pode ser das
azeitonas…
Mas já me chegou aos ouvidos…que a água que
demolha o bacalhau é mais eficaz que o piri-piri…
Também já me disseram…que se plantar uma fava
junto do pé de melão, depois ela aparece dentro do fruto…É o chamado brinde da
fava…
A sério, experimentem…
(((Tenho um truque na manga…que não devia
dizer, pois não diz respeito ao artigo em questão; mas como sou generoso com os
amigos…eu conto: na água que rego os tomateiros, uma em cada dez regas,
deito-lhe 3 colheres de sopa de azeite, meia de vinagre e um pouco de sal…Assim
quando colho os tomates, já vêm temperados para as saladas…
Digam lá se não sou magnânimo!...)))
Agora mais a sério: aqui na zona que habito, e
desde que me lembre, quando se falava do melão Casca de Carvalho vinha sempre
ao de cima a “questão picante”, e o porquê. Ora, esse “porquê” resultava sempre
numa mentira, ou seja, sempre se associou o picante desta espécie de melão aos
pimentos. Melhor explicado: não sei se foi por “vontade” dos cultivadores da
espécie (?), ou se foi o povo nas suas fábulas…mas a história que circulou por
aqui, foi que para se ter melões picantes havia que semear junto de cada pé um
pimenteiro.
O povo “comeu e calou” a história…pois não
percebia nada de cultivar melões Casca de Carvalho, e as histórias “vendem bem”
no ouvido popular.
Quanto ao agricultor, cultivador da espécie,
“agradeceu a patranha” pois manteve o segredo inviolável…
Só por uma vez cultivei o melão Casca de
Carvalho, por isso não serei de certeza absoluta a pessoa indicada para revelar
segredos...mas posso partilhar a minha opinião.
Já cultivei aqui na horta muitas espécies de
melões e meloas; tanto nuns como noutras tive espécies odoríferas como
inodoras.
Questão: o que faz um melão/meloa ser
odorífero ou inodoro?!
Não tenho a resposta para esta questão, pois
não estudei botânica nem biologia, e as ciências do secundário não chegam para
responder; mas tenho a informação mais lógica…: Não reguei/perfumei/sulfatei os
melões odoríferos com qualquer substância perfumante! Por isso não foi por aqui
que se “deu o milagre”.
Outra questão: o que faz que um melão/meloa
seja doce ou insípido?!
Mais uma vez “a resposta lógica”: Não reguei e
nem estrumei o pé com açúcar, adoçante ou pastéis de nata…
Volto a repetir: então o que faz com que um
melão/meloa seja doce e picante?!
A minha opinião de leigo em estudos, mas
simpatizante da prática e da teoria é a seguinte: julgo que o doce e o picante
é adquirido numa conjuntura de factos, que vai desde o Sol/calor, estrume
utilizado, qualidade do solo, a rega e qualidade da água, etc.
O porquê desta minha “conjuntura” é simples, e
passo a explicar: por várias vezes já colhi meloas apimentadas e de espécies
diferentes. Mas o que me leva a concluir tal raciocínio é que nessas meloas - e
vou só referir a espécie X para melhor entendimento -, colhi frutos doces e
apimentados com também colhi do pé ao lado frutos insípidos. Daqui concluo que
o factor de “maior importância” se encontra no solo (estrume); pois se ambas as
plantas levaram o mesmo Sol, beberam a mesma água e tinham o mesmo solo, só
resta mesmo o “fermento” (que terei mal distribuído).
Um “passarinho” contou-me recentemente que, os
melões Casca de Carvalho adoram dois ou três "nacos" frescos de bosta bovina. E claro, colocar a pelo menos um
palmo de fundura das raízes, quando se transplanta a jovem planta para o solo.
Mais tarde, quando os melões começam a desenvolver (tamanho de um punho),
convinha fazer um buraco lateral ao pé, e colocar mais “um naco” de bosta.
Não esquecer que as cucurbitáceas são de um
enorme desgaste para o solo (estrume = queimar), e por isso só de deve voltar a
cultivar no mesmo local, no mínimo 4 anos após o último cultivo. Mas se for
aumentado para 5 ou 6 anos, então melhor!
Se houver aí visitantes desta horta, que sejam
cultivadores do melão Casca de Carvalho, e queiram partilhar segredos…com todos
os outros visitantes, então força nesse teclado…que eu publico esses
comentários!