quinta-feira, 31 de maio de 2012

Podar Melões

Este post é reeditado com o intuito de responder ao comentário de um visitante.
Como a minha resposta é longa e não dá para fazer na caixa dos comentários, então faço aqui. Além disso assim todos podem ver a omissão que este post contêm; e conhecer os novos links que deixo.

P.S. - Este fim-de-semana haverá novo post (julgo que interessante)!
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Eis o comentário do visitante, e depois a minha resposta:

 Fernando Miranda deixou um novo comentário na sua mensagem "Capar Melões":

É muito meritória a sua paixão pelas hortas, mas no seu post apresenta algumas incorreções. Cito apenas algumas poucas para não ser fastidioso:
As meloas e alguns melões não têm flores fêmeas (flores femininas),mas sim hermafroditas.
Uma flor fêmea não tem pólen (o pólen existe nas flores masculinas e nos orgãos masculinos das flores hermafroditas)

Segundo, o pólen de uma flor fêmea, segundo li num site estrangeiro, só é viável por um dia,


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Agradeço a sua paixão de corrigir os meus erros! Diria ser meritória se não pecasse por defeito...
Factos:
1º - Como é muito atento (?), já deve ter lido neste blog que eu não tenho qualquer formação académica – portanto, o meu “diploma” de botânica é caseiro e cibernético! (Limito-me a ser ministro parlamentar…E por enquanto…)
Não sou licenciado mas também não sou estúpido! Sei fazer pesquisa dos factos, e compreende-los.
2º - Ao dizer que este post “apresenta incorrecções”, e depois afirma que só cita algumas “para não ser fastidioso”, está a colocar uma nódoa na minha pesquisa e respectivo comentário do post. Isto fica a “pairar” a manchado…que há mais incorrecções neste artigo/post (por favor, concretize!).
Se a sua afirmação fosse totalmente verídica, eu teria de aceitar o erro – com humildade ou revoltado… -, pois se o negasse estaria a ser uma espécie de maniqueísta botânico (etc), algo que repudio.
3º - Confesso que falhei na omissão do “pormenor” hermafrodita! Não me lembro se foi por descuido ou desconhecimento?? Mas sou capaz de apostar na segunda hipótese!
4º - Eu falhei por omissão, descuido ou desconhecimento. Você falha por desconhecimento ou implicação…
Você está completamente errado ao dizer que as meloas e alguns melões não têm flores fêmeas!
“Disparou” aqui a sua “bomba” mas não deixou provas (links) que a fundamentasse.

Eu deixo-lhe aqui as provas do seu erro, com factos e links.

Diz a Kokopeli:

« O melão é uma planta monóica, isto é, que carrega na mesma planta flores machos e flores fêmeas em lugares diferentes.

Ela pode-se auto-fecundar: uma flor fêmea pode ser fertilizada por pólen vindo de uma flor macho da mesma planta



«Em geral, as cucurbitáceas possuem flores masculinas e femininas em diferentes partes da planta.
«As flores masculinas (estaminadas = estame) têm apenas órgãos reprodutivos masculinos e produzem pólen, enquanto que as flores fêmeas (pistiladas = pistil) se transformam em frutas.
«Quando as plantas dão flores estaminadas e flores pistiladas distintas, eles são chamados monóicas.
«No entanto, quando elas portam flores bissexuais, também chamadas de perfeitos (cada uma constituído por órgãos masculinos e órgãos femininos), chamamos a essas plantas e suas flores de hermafroditas.
«A maioria das espécies de melão são andromonóicas, porque eles portam em primeiro flores estaminadas e depois flores bissexuais na mesma planta.»


Diz a INRA (Institut national de la recherche agronomique = França) :

«Uma equipe de pesquisadores do INRA com base em Evry (INRA-CNRS - Universidade de Evry) demonstrou o mecanismo genético pelo qual, no melão, uma flor masculina torna-se feminina. A maioria das plantas de flores possui flores hermafroditas, que têm ambos os órgãos sexuais masculinos e femininos. No entanto,mais de 4000 espécies, incluindo o melão, que desenvolvem flores unissexuais, apenas do sexo masculino ou feminino. Os investigadores acabam de identificado o mecanismo pelo qual estas flores unissexuais são formadas. Eles identificaram um gene envolvido no controlo da formação de órgãos do sexo feminino.
O estudo de genes que regulam a determinação do sexo no melão é de importância principal agronómico. Poderia efectivamente levar ao aumento da produtividade através da promoção da formação de flores femininas na origem da produção de frutos. Todos estes resultados estão publicados no site da revista "Nature".»
Aconselho a ler o artigo até ao fim lá no site. É muito elucidativo!
Poderá dizer que isto é uma “coisa francesa”, pois só aqui deixo referências francófonas.
Pois não deixo referências de sites em inglês porque simplesmente não entendo a língua, caso contrário pode apostar que o faria.

Continuando o rebate ao seu comentário: diz você “Uma flor fêmea não tem pólen (o pólen existe nas flores masculinas e nos orgãos masculinos das flores hermafroditas)”.
Tem razão na sua afirmação! Mas se fizesse atenção a todo o comentário, teria notado que isto não passou de uma gralha da minha parte, pois se mais abaixo eu afirmo “Cada semente que vemos no interior de um melão, é o resultado de uma partícula de pólen que foi fecundada.”. Ora, todos sabemos que o pólen representa no mundo botânico o mesmo que os espermatozóides no mundo animal! Eu não sou vesgo, sei bem a diferença da “fruta”!!!
É claro que sei que o pólen só existe nas flores masculinas e o ovário nas femininas!

Mas você “repreende-me” para o facto de eu dizer que as flores femininas não possuem pólen, mas logo de seguida você mete os pés pelas mãos…ao afirmar “Segundo, o pólen de uma flor fêmea…”.
Então, em que ficamos?!
Ok, eu levo isto na desportiva…e digo que você também é humano, com direito a errar.

Sobre o pólen só ser viável por um dia, eu tenho esse facto relatado no post. Não me diga que não leu?...Ou só leu o ”fermento de padeiro”…

Prontos, acho que está tudo…mas numa próxima não faça misturas…entre melões e cogumelos…

Num espírito de desportiva, para não haver ressentimentos, vou dizer que EMPATAMOS.

P.S. - Deixo aqui também um ENDEREÇO onde se pode ver a imagens de 3 flores de melão: uma feminina, outra masculina e por fim uma hermafrodita (último "quadro" da página). 
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Antes de mais quero relembrar que é preciso carregar nos sublinhados  ( menos neste que só serve como exemplo). Ao carregar nas palavras sublinhadas, irá aparecer um link com uma imagem ou texto (etc), sobre o comentário que estava a falar no momento!


Para quem pretende plantar melões, aqui vai umas pequenas dicas sobre o capar (ou podar):
Os melões podem ser plantados sem se capar; darão igualmente fruto. O objectivo de capar é abreviar ou apressar o aparecimento dos frutos e a consequente maturação. Imaginem que Portugal tinha 9 meses de calor e 3 de Inverno, ora, esses 9 meses eram mais do que suficiente para cultivar melões sem os capar, e assim não havia risco da chegada do Outono ou das geadas. Por isso se vê nos países mais a norte de Portugal, portanto mais frios, que praticam mais do que uma vez o capar (2, 3, 4).
Atenção: se Portugal tivesse os tais 9 meses de Verão, os melões também se adaptariam às circunstâncias… ou seja, tornar-se-iam mais tardios (exemplo: o Irão, um país mais quente do que Portugal, cultiva o “melão Persa” (entre outros) que tem como maturação 115 a 120 dias – isto a contar desde que nasceu o fruto e não a planta. Aqui a maturação das meloas é entre os 60 a 80 dias! Precisar 120 dias é mais do que as melancias – 80 a 100 dias de maturação. Verdade seja dita que o Casca de Carvalho, Verde Tendral, Pele de Sapo, etc, andam à volta dos 100 dias de maturação.
Outro dado: Como também já referi num texto anterior, as primeiras flores que aparecem nos melões, meloas, melancias (etc), são machos e portanto nunca darão fruto. Só algum tempo mais tarde, 2 a 3 semanas (?) é que começam aparecer as flores fêmeas, com um pequeno fruto na sua base (e que nesta fase se chama ovário), que precisam de ser polinizadas pelas abelhinhas – ou seja, as abelhas têm de poisar numa flor macho* e depois numa fêmea** (esquerda* - direita**   @@), transportando assim o pólen que irá fecundar a flor. Mas atenção, uma vez só não chega, é preciso que a flor fêmea seja visitada (no mínimo) umas 4 vezes…e isto nem sempre é garantido. Eu explico melhor: Primeiro, as abelhas não polinizam quando chove ou está muito vento! Segundo, o pólen de uma flor (masculina), segundo li num site estrangeiro, só é viável por um dia e normalmente num dia quente de verão só é eficaz das 7 da manhã até ao meio-dia; após isso, se a flor não foi polinizada acabará por murchar, já que o pólen “fermentará” com o calor, perdendo assim a sua função. Terceiro, não existe “uma lei ou código” das abelhas, fazendo com que poisem numa flor macho e logo de seguida “saltem” para uma flor fêmea, transportando assim o tão precioso pólen. A rota das abelhas é ao acaso.
(Cada semente que vemos no interior de um melão, é o resultado de uma partícula de pólen que foi fecundada. Não têm todos as mesmas quantidades de sementes)
Para ajudar na polinização, é conveniente plantar flores melíferas junto dos melões, atraindo assim mais abelhas (semeiem sempre as flores nas “costas” dos melões, ou seja, que os melões estejam sempre com o Sol em primeiro plano, e não as flores). Um estudo americano, diz que aumentou a produção de melões em 30%, ao plantar junto dos melões, as tais flores melíferas – neste caso foi a Borragem, mas existe mais espécies melíferas. Eu plantei a Borragem branca e a Phacelia, e confirmo que com a primeira planta, parece que “anda uma colmeia à solta” na horta… Simplesmente adorei ver tantas abelhinhas!
Também se podia fazer a polinização manual; algo que precisa de alguma prática (e que eu já pratiquei) mas que para já não quero explicar…
Voltando ao tema sobre capar; e como já referi mais acima, as primeiras flores que aparecem são machos, e o capar fará com que as flores fêmeas apareçam mais cedo, simplesmente… (bem…também já li que capar aumenta o sabor e a qualidade do fruto, como se fosse um enxerto numa árvore de frutos. Têm lógica!)
  
@@ - A imagem da flor macho e da flor fêmea é de uma abóbora, mas é exactamente igual com os melões, melancias, etc.
Vamos lá então capar melões...
Insiro link`s estrangeiros porque não encontro portugueses, e também porque não sei trabalhar com o Paint (ou lá como se chama a geringonça...), doutra maneira fazia eu as imagens.
Aconselho vivamente a SÓ praticarem o capar/podar da primeira imagem! Estamos em Portugal (calor) e não precisamos de apressar tanto a natureza.
A imagem mostra uma vinha de melão com 7 folhas (as duas “folhas” que estão quase junto do chão não contam; são uma espécie de orelhas… mas podem ser cortadas, com 1mm desviada do “tronco” da vinha, só para evitar que atraia doenças. Estas são as primeiras a nascer mas depois não se desenvolvem mais). Dizia eu que a imagem mostra 7 folhas, e quando a vinha do melão tiver um palmo, corta-se 2 dedos acima da segunda folha, sem ferir os “olhinhos” que despontam nestas 2 folhas, junto do caule principal, que fará aparecer 2 novos “braços” (vê-se na segunda imagem).
As outras imagens não comento, porque, repito, não há necessidade para Portugal!


Carregar  Aqui

Este Aqui mostra como capar melões, pepinos e abóboras (Eu não tenho a mínima intenção de praticar isto nos pepinos e abóboras).

Muito interessante este Aqui, com excelentes dicas para outros hortícolas!

Com este Aqui já aprendi mais alguma coisa. Este sistema de cortar uma guia (ou braço) do melão, colocar em água para ganhar raiz e depois poder de novo planta-lo na terra, ganhando assim mais um pé de melão, é interessante...
Este sistema já o conhecia nos tomates, com os ramos "ladrões". Quem gostar muito de uma espécie de tomate, e pretende duplica-lo, sem precisar de semear de "raiz" (semente), basta cortar um ramo ladrão, colocar num jarro de água (convém que seja transparente) e deixa-lo ao Sol alguns dias para ganhar algumas raízes, e depois é só colocar na terra.

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Neste momento já existe um post mais completo sobre capar melões.
Pode ser encontrado com o título de "Capar Melões - Desenhos"  (31 de Julho de 2012), ou então basta carregar no link que se segue:
http://paixaodahorta.blogspot.pt/2012/07/capar-meloes-desenhos.html

terça-feira, 29 de maio de 2012

Esclarecimento


Como devem ter reparado tenho andado “sabático” por estas bandas.
(...)

Ter uma paixão hortícola; ser aprendiz da dita-cuja e tentar explicar os sucessos, mais os fracassos e/ou as dicas e segredos desvendados…à “minha freguesia”, é deveras desgastante…
Faço isto por gosto e não por vaidade ou soberba!

Já o afirmei num anterior artigo, e volto aqui a repetir: eu tenho o 6ºano de escolaridade; não possuo qualquer diploma académico (nem por canudos…nem por correspondência…)!
Não sou nenhum Chico-Esperto – estes dão quase todos em políticos, banqueiros e juízes…-, nem tenho a arte da Sabedoria Saloia***!


Sou, como o nome do blog indica, um apaixonado pela horticultura – simplesmente!
Não preciso de canudos, nem etiquetas, para gostar do que faço. Os que acham o contrário então pertencem a uma das duas “profissões”, que infelizmente, este país mais possui (Chico Esperto e Sabedoria Saloia).
Não tenho nada contra quem possui o “canudo”. Se o tem é porque estudou para tal – excepto aqueles que o tiraram ao domingo…e por correspondência…). Outros há que por possuírem um papel carimbado… já julgam que tem o rei na barriga, e com permissão de “espezinhar” quem não o tem, como se já fossem os únicos donos da verdade, da razão e da palavra.
O meu diploma é conquistado aqui na horta com a prática diária; e a teoria vou buscá-la a outros blogues – seja do Manuel ou da Maria; o que possui o canudo debaixo dos braços ou o que conquistou o diploma nas dores das costas e calos das mãos.

Volto a repetir: este blog foi construído com o objectivo de partilhar experiências e conhecimentos (por poucos que sejam – grão a grão…).
Não tenho obrigação de ser mestrado no que faço; mas o que faço coloco paixão, vontade, esperança e verdade.
Poderá haver relatos em artigos onde não relatei com exactidão os factos ou normas. Acredito que sim! Mas também acredito ser derivado a uma má tradução minha; a uma compreensão não totalmente correcta (faço todos os possíveis para ser o mais exacto possível), ou o cansaço????
O visitante, se vier por bem e com espírito de partilha e solidariedade, ao encontrar uma gralha ou inverdade, relata o erro ou deixa um link de referência sobre “a sua verdade”.
Eu não ando aqui apregoar a minha verdade, mas sim a verdade do que leio onde aprendi. Modéstia à parte, este será um dos blogues com mais links de referência – por isso não canto louros alheios! E mais links não deixo para não “pesar” em demasia o artigo. Por vezes chego a ter dezenas de links gravados nos Marcadores, o que me faz ter uma net lenta, e quando isso acontece, chateio-me… e apago aquilo tudo a eito…
Disponibilizei muito tempo e saúde aqui neste espaço, e repito, sem obrigação de o fazer, e julgo não andar longe da verdade, ao dizer que uma boa parte do que aqui relatei (artigos/post do blog), era de total desconhecimento do visitante, como o era para mim!!!

António


P.S. - Peço desculpa por não ter respondido aos últimos comentários (Marisa, João Gomes e José Lopes)! 
Este artigo/comentário actual nada tem haver com vocês.